quarta-feira, 13 de abril de 2011

A situação da Educação no Brasil

Recebemos tantas correspondências sobre dicas e informações de interesse geral, que pensei em utilizar o mesmo recurso para divulgar algumas informações acerca da rotina nas escolas.
Para aqueles que trafegam pelas vias escolares, não são novidades e talvez sejam até amenas se comparadas a realidades de outras escolas. Para aqueles que assistem aos noticiários e os que tem filhos em escolas, públicas ou privadas, terão cunho de esclarecimento.
Vamos aos fatos:
Atualmente, nossas salas de aula são abarrotadas com uma média de 30 alunos, chegando até mesmo a perfazer o número de 40 por turma. Muitos destes alunos frequentam a escola porque estão dispostos a aprender, participar e obter resultados positivos, enquanto outros, obrigados a participar da rotina escolar, quer seja pelas leis que assim determinam, quer seja pela obrigatoriedade para que possam continuar recebendo o Bolsa Família, aterrorizam os demais alunos atrapalhando as aulas e cometendo o tão alardeado bullying.
Mas e o que fazem os professores???!!! é a pergunta mais óbvia, e a resposta é: nós professores tentamos diversas abordagens de resgate destes alunos, pois entendemos que muitos dos comportamentos agressivos são reflexos de suas realidades muitas vezes minadas por carência, negligência, maus tratos e abandono. Alguns deles são acessíveis e felizmente conseguimos alcançar nossos objetivos. Outros porém, permanecem praticando atos de agressão, culminando em registros de ocorrências e suspensões que surtem resultados... nulos. Sim, para eles ainda tornam-se dias de "folga", utilizados para permanecer nas ruas (inclusive na frente da escola, debochando dos que 'precisam ir às aulas') e reforçar a política do Não Dá Nada. Resultado: retornam ainda piores do que antes da suspensão.
Como consequência as agressões ficam piores e ainda mais, passam a agredir os professores.
Mas isso não acontece só na TV????!!!!!! Nããããããããããoooooo!!!!
Em uma das escolas em que trabalho em Taquara, RS, temos os seguintes eventos:
* uma aluna agrediu fisicamente uma professora em 2010, foi transferida no restante do ano letivo e... retornou à escola em 2011 como se nada houvesse;
* na semana seguinte, ainda em 2010, uma das monitoras também foi agredida fisicamente por uma aluna do diurno e, pasmem... a menina continuou na escola passando para o noturno;
* ainda no ano passado, houveram casos de agressão verbal e tentativas de agressão física a outros professores, que sequer foram levadas a sério;
* em 2011 (lembrem que somente passou um mês letivo e meio) um garoto agrediu fisicamente uma professora e logo após agrediu, da mesma forma, o diretor. O que houve com ele? Foi encaminhado para exames e avaliações psicológicas e sequer aventou-se a hipótese de transferência escolar.
É importante ressaltar que os professores e funcionários agredidos em todos os casos citados acima sofreram tais atos justamente porque cobraram conduta e respeito dos alunos infratores, ou seja, estavam defendendo outros alunos ou tentavam ministrar suas aulas.
Privilégio de escola pública? Também não. Se você tem filhos em escola particular e sente-se seguro com isso, saiba que há alguns anos um aluno efetuou um disparo com arma de fogo em uma renomada escola da rede pública e sendo transferido, foi acolhido em uma das escolas da rede privada.
Tudo isso ocorre por que tais alunos tem "direitos" que precisam ser respeitados.
Mas e onde ficam os direitos dos alunos que mantém uma boa conduta? Onde ficam os direitos dos professores? Só Deus sabe. As políticas públicas e os órgãos que deveriam garantir tais direitos, defendem apenas os direitos dos infratores. Desta forma, nós professores somos massacrados e humilhados e, junto com os demais alunos ficamos reféns daqueles que tem "direito" de estar ali, embora não cumpram com os mínimos deveres que são inerentes ao educando.
Vamos à escola com medo por nós e por nossos alunos, mandamos nossos filhos à escola com o mesmo temor, mentimos em casa para que nossos familiares não se preocupem conosco quando vamos trabalhar.
Se você leu até aqui é porque não é indiferente a tal realidade, por isso, peço que divulgue estas informações. Poste em seu blog, comente no facebook, no orkut e no twitter, repasse este e-mail, fale em sua roda de chimarrão, local de trabalho, faculdade, almoço de família, etc. É preciso que a população saiba como inicia-se o processo que culmina em eventos como o do Rio e outros mais que são noticiados na mídia e que estão mais próximos do que se imagina.
Se você também é professor, não cale mais, chega de sermos discretos acerca das atrocidades que vem ocorrendo nas escolas. Relate suas histórias, comente os fatos que você conhece, enfim, como eu...desabafe.
Àqueles que reenviarem este e-mail, encaminhem para mim também, se postarem algo em seus blogs, facebooks, orkuts ou twittarem me enviem os links; se são solidários ou também tem suas histórias me enviem e-mail. Só assim saberei que não estamos sós, e este será ao menos um alento na realidade que vivemos.

Um abraço a todos
Janaina Medeiros

Um comentário:

Cassandra disse...

Concordo com tudo o que li, em gênero, número e grau.
Enquanto o poder público fechar os seus olhos para a questão social e consequentemente todas as causas da violência evidente em nossas escolas e afins, o fato que ocorreu no estado do Rio de Janeiro não será algo mais tão longe de nossa realidade.
Precisamos parar de "apagar incêndios" e atacar na raiz as causas de tanta violência.
Chorar sobre o "leite derramado" não resolveu e nunca resolverá nenhum problema!!!!